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Posts Tagged ‘iluminismo’

Quem e por que diz que a Bíblia pode ter sido mudada?

Não podemos dar uma versão nova para fatos eternos” (Escritor judeu).

Fiquei perplexo com tamanha desfaçatez do famoso teólogo Bart D. Ehrman, nomeado “Maior autoridade em Bíblia do mundo”, após a leitura do seu livro O que Jesus Disse? O que Jesus não disse?: quem mudou a Bíblia e por quê?¹. Dono de uma ficha invejável: “Ph D em Teologia, pela Princeton University e dirige o Departamento de Estudos Religiosos da University Of Nort Carolina, Chapel Hill, especialista em Novo Testamento, igreja primitiva, ortodoxia e heresia, manuscritos antigos e na vida de Jesus”, Barth abusa das possibilidades e sob tom condicional, parte da inversão de visão do que é direito para forçar a interpretação inversa.

Ao abandonar a fé cristã e tornar-se declaradamente agnóstico, nesse livro ele pratica um verdadeiro malabarismo para fundamentar suas teses e tentar, a qualquer custo, desmerecer a autenticidade bíblica. Foi então que reuni provas dentro de seu próprio escrito para refutar suas ideias notadamente esdrúxulas.

Seus escritos deixaram às claras o forte desejo de provar o improvável, das probabilidades que se discute nos dias atuais, com a nítida busca pelo sucesso, a partir da revelação do novo. Em um mundo de tendência ateísta não haveria outro caminho melhor de aceitação, senão o de tentar levar a crer que as Escrituras Sagradas (dos judeus) e a Bíblia (dos cristãos), Antigo e Novo Tratamentos, a Bíblia Sagrada não passa de uma farsa.

Muitos já tentaram isso e não é de hoje que homens se levantam com o mesmo propósito. Houve épocas, que pilhas de Bíblias aqueciam labaredas de fogo, numa forte investida para a destruição das Sagradas Letras. A estratégia atual mudou de rumo, mas o objetivo ainda continua sendo o mesmo. Pior: agora a tentativa é a de fazer desacreditar na sua inspiração, pois, a partir daí, não haverá mais valor algum, não mais que folclore, como querem.

Há um esforço descomunal e vigoroso, mas não menos parcial, de desacreditar o texto sagrado, mas nenhum livro na História humana atravessou séculos sem sequer ser alterado, sempre evidenciado em todas as sociedades, como as Sagradas Letras. Isso intriga muita gente, em especial aqueles que procuram “chifre na cabeça de cavalo”, como dizia minha saudosa e querida mãe. Não vão encontrar, senão pelas falácias da teoria (não mais que teoria) da evolução.Essa tentativa busca algo semelhante às teorias evolucionistas, com o intuito de lançar descrédito e vigorar os ataques ao cristianismo.

Argumentos agnósticos

Segundo Bart, após seus primeiros estudos e envolvimento aos círculos eruditos, os primeiros passos foram os questionamentos de suas próprias convicções que “tem de ser revistas à luz do conhecimento acumulado e da experiência de vida”.

Seu primeiro questionamento, a partir do momento em que seus “estudos começaram a” transformá-lo, ele escolhera a “passagem de Marcos 2, quando Jesus é confrontado pelos fariseus porque seus discípulos, ao atravessar um campo de trigo, comeram grãos no Sábado”. Jesus passa então a mostrar aos fariseus o fato semelhante ocorrido entre Davi e seus homens, quando entram no Templo “quando Abiatar era o sumo sacerdote’ e comeram o pão da proposição, que só os sacerdotes podiam comer”. 

Bart continua a afirmar sobre um de seus primeiros trabalhos e base de outros questionamentos, afirmando que Jesus citara 1Samuel 21.1,6, onde “vê-se que Davi não fez nada disso quando Abiatar era o sumo sacerdote, mas, de fato, quando o pai de Abiatar, Ahimelec, o era. Em outras palavras, essa é uma daquelas passagens destacadas para demonstrar que a Bíblia não é infalível; ela contém erros”, afirma o famoso teólogo e escritor.

Porém, esse argumento de Bart, base para dar o suporte ao início de seu agnosticismo, atropela a cultura de época, introduzida ao texto bíblico, quando um nome ou data é alternado por outro – do pai pelo filho, por exemplo, sem absolutamente nenhum prejuízo à ideia principal. A pretensa “falha” também é gritante e pode ser detectada no primeiro esforço de busca pelo sentido da mensagem.

Conforme Bart, a afirmação do Senhor Jesus, conforme Marcos 2.3-28, destoa do texto referência no Antigo Testamento (1Sm 21.1-6), “quando Abiatar era o sumo sacerdote”, porque o sumo sacerdote em exercício era o pai de Abiatar, Aimeleque.

Em primeiro lugar, deve-se levar em conta que o foco principal do texto não está atento aos fatos narrados, mas sim ao ensino de Jesus, que Bart enuncia: “Jesus quer mostrar aos fariseus que ‘o Sábado foi feito para os humanos, não os humanos para o Sábado”’.

Mesmo assim Bart tenta usar este fato para desacreditar a Bíblia, porém, conforme comentário de rodapé da Bíblia de Genebra² “… foi Aimeleque, pai de Abiatar, que deu a Davi o pão consagrado. Contudo, Abiatar certamente estava vivo e, talvez, presente quando ocorreu o incidente referido. Portanto, ‘no tempo do sumo sacerdote Abiatar’ é frase rigorosamente certa. É provável que Jesus tenha referido a Abiatar porque ele era bem conhecido como um dos defensores de Davi” (o grifo é nosso).

Fatos semelhantes ocorrem com relação a datas e nomes, conforme a questão que tomo envolvendo os reis Roboão e Zedequias. A época do reino dividido de Judá é de 345 anos (931-586), e neste período, os reis de Roboão e Zedequias governaram 382 anos?

Neste caso a dúvida se prende à questão da continuidade dos reinos. Na maioria dos casos, o reinado passava de pai para filho. Acontecia também que filhos passavam a governar paralelamente ao pai, isto é, governavam, mas o pai ainda continuava no trono. Então um entrava na contagem do outro.

Exemplo: O pai poderia estar no ano 30 de seu reinado e o filho no 3 (por ter iniciado três anos antes). Quando o pai morria, o filho passava a contar, não a partir da morte do pai, mas desde quando começara a governador com o pai (ao lado do pai). Se o pai morresse no ano 35, por exemplo, o filho já estaria no ano 38. 

Se é possível complicar, para que simplificar?

Embora reconheça a importância das cartas bíblicas, quando diz: “De fato, havia um espectro extraordinariamente amplo de literatura sendo produzido, disseminado, lido e seguido pelos primeiros cristãos, algo bem distinto de tudo o que o mundo romano pagão havia visto até então” e ainda: “Afirmo que as cartas eram muito importantes para a vida das primeiras comunidades cristãs. Elas eram documentos escritos que orientavam tais comunidades tanto em sua fé como em sua prática”, Bart usa suas próprias informações para lançar o descrédito a partir de suas insinuações, mas, se as cartas são documentos importantes e imprescindíveis à Igreja, por que deixariam que as mesmas fossem tão alteradas como ele tenta mostrar? 

Condições sociais dos cristãos

Um de seus argumentos tenta desmerecer a condição sócio-econômica dos primeiros crentes. Fato interessante que sua crítica textual não leva em conta é que “Os cristãos da Ásia Menor e da Europa preocupavam-se em ser bons cidadãos do Império romano, governo que fora tratado como intruso por muitos dos contemporâneos de Jesus na Palestina. Muitos cristãos da nova geração não eram pobres, mas abastados, mais urbanos que rurais”.³

Outro fato que diz respeito à prosperidade dos cristãos, está na intenção de Lucas levar aos seus leitores, que detém vida de classe média e urbana, com ênfase à cidadania romana de Paulo e a honrosa conduta como cidadão, por seus direitos (At 16.37-40; 22, 26; 18.14-16) e Jesus como cumpridor de seus deveres (Lc 20.25; 23.2).

Lucas fala ainda dos ricos e pobres, ligação dos cristãos com os bens temporais, o que deve ser empregado com o semelhante, e relações pessoais (12.13-43; 14.25-33; 18.22; 14.26). Por outro lado, Lucas fala de si mesmo e identifica-se aos seus leitores e admite não ser testemunha ocular dos fatos narrados, concernentes à vida de Jesus. Na mesma época, a história da Igreja circulava por todo o império por meio de escritos, por ensinadores das doutrinas cristãs em comunidades evangélicas e também por meio de pregadores.

Atos, o endereçamento a Teófilo, que indica ser um líder da época, ainda rico e em condições de fazer cópias do livro e distribuir entre os membros das comunidades cristãs. Embora não houvesse a intenção de reproduzir o texto para os demais, como uma proliferação dos escritos para leitura individual, pois o que se fazia era a leitura nos cultos para os demais, não nos parece viável que um homem com capacidades socioeconômicas avantajadas tenha dificuldade de distribuir cópias legítimas e fiéis aos originais, como “editor” tanto de Atos quando de Lucas. O estilo de Atos, com estilo helenístico, recebe ainda elogios comparáveis aos melhores escritos bíblicos, conforme Josefo, Dionísio de Halicarnasso, conforme William S. Kurtz. ³

Inspiração e fé

Uma das razões que intrigam os críticos – talvez a principal – e que os distanciam de crer na inspiração, levando-os a criar obstáculos para desacreditar a Palavra, como obra inspirada do próprio Deus, por meio da ação do Espírito Santo no homem, são os inúmeros de milagres. A ação sem lógica e explicação humana os deixa intrigados. Como verdadeiros homens e céticos têm suas dúvidas ampliadas e jamais respondidas, pois muitos fatos sobrenaturais e compreendidos somente pela fé, conforme Hebreus (…) e que a razão jamais alcançará.

Todo esse efeito cético constitui atualmente ênfase entre o homem pós-moderno, que recebe forte influência da Filosofia das luzes, movimento filosófico do século 18, com base na confiança no progresso e na razão, pelo desafio à tradição e à autoridade e pelo incentivo à liberdade de pensamento (Iluminismo).

Será mesmo que a Bíblia não trata de temas atuais?

Bart ainda não consegue enxergar na Bíblia tratados sobre temas atuais, quando diz: “E se a Bíblia não der uma resposta a toda prova para as questões dos tempos modernos – aborto, direitos das mulheres, direito dos homossexuais, supremacia religiosa, democracia ocidental”. Ora, o que Davi fala de ser conhecido pelo Senhor ainda informe, em Salmos, dentre inúmeros outros textos, como da Lei de Moisés, que trata diretamente do assunto, bem como da questão homossexual, além de Romanos 1. 

As conquistas das mulheres tiveram como base da doutrina cristã. O Dia das Mães fora estabelecido pela igreja cristã nos EUA e o mesmo ocorreu com relação à questão dos direitos das mulheres no trabalho, com a greve para a diminuição da carga-horário, além da licença-maternidade e outras conquistas ocidentais, com base na doutrina cristã, portanto, não vistas no oriente, como o direito de descanso no primeiro dia da semana – o domingo. 

Paulo sempre citara suas cooperadoras em seus textos, Jacó, ainda no VT ouve suas esposas antes de tomar a decisão de sair do domínio do próprio sogro, e Paulo exorta a que os maridos amem suas esposas como se a si mesmos (Ef 5.25-33).

Quanto ao domínio religioso Noé profetizara no capítulo 9.25-27 de Gênesis, o que vemos hoje não só na questão do Ocidente, mas também das religiões, ao falar dos desígnios de seus três filhos, retratando a supremacia religiosa dos semitas (origem das três maiores religiões do mundo), de Jafé, com seus descendentes os indo-europeus, a supremacia sócio-econômica, dentre outras tantas relações bíblicas com a História e a própria atualidade.   

Mito da Caverna

Se a Bíblia fora tão amplamente alterada, como tenta afirmar o teólogo Bart, e que o teria levado a descrer nos escritos sagrados, por que o mesmo não ocorre hoje, quando se tem tantos meios para isso, ao contrário da época em questão?

Atualmente existem inúmeros outros elementos que servem de alavanca para as possíveis e desejadas transformações. Estes meios seriam sem limites, a comparar com os existentes nos tempos primórdios do cristianismo. Leve-se em conta as proporções e intensidade de interesse, quanto a tudo o que diz respeito à proteção e preservação do texto sagrado.

Bart adentra o Mito da Caverna de costas, pois parece-me que jamais quis pôr somente o nariz e depois entrar de costas, para introduzir-se aos poucos, porque essa jamais foi a sua preocupação, conforme analogia de sua própria construção cristã, que não passara de retórica. Embora se diz de raízes cristãs, Bart afirma que sua mãe lia a Bíblia em família certificando-se “de que suas histórias e ensinamentos éticos fossem bem entendidos por nós (sem se prender muito às suas ‘doutrinas’).”.

Ehrmam tenta claramente interpretar fatos da História sob a perspectiva de sua tese, sem ser, sequer, um minuto imparcial. Até mesmo os comentários que daria o start para outro olhar, são usados para a satisfação unilateral. Existem muitas verdades históricas descritas no livro, algumas boas de serem usadas; até mesmo as que ele usa com veemência contra a fé cristã, se usadas no sentido da indicação do texto (ao contrário), são igualmente ótimas. 

Com racionalidade tomo então seus próprios argumentos para rebater suas críticas. O oportuno comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal sobre o assunto, diz: “João termina o livro do Apocalipse com uma advertência sobre a possibilidade de perdermos nossa parte na árvore da vida e na cidade santa. Evitemos uma atitude descuidada para com este livro, ou qualquer parte das Sagradas Escrituras. Outra atitude a evitar é a de optarmos por crer somente em determinadas partes da revelação de Deus e rejeitarmos outras partes que não gostarmos (v19), ou o caso de ensinar nossas próprias ideias como se estas fossem a própria Palavra de Deus (v18). Como ocorreu no princípio da raça (sic) humana na terra, deixar de cumprir plenamente a Palavra de Deus é questão de vida e morte (ver Gn 3.3-4)”. 

Desde o Éden, Satanás manifesta-se contra tudo o que chama Deus ou se adora (2Ts 24). “E não terá respeito aos deuses de seu pai” (Dn 11.37). Satã no hebraico (demônio) tem a raiz no verbo impedir, bloquear. Na tradição judaica Satã é o “outro lado”, explica Nilton Bonder (O holismo rabínico).

Superficialidade cristã

Existem algumas máximas cristãs que apontam para a vida superficial que, por sua ausência, facilmente transformam tal superficialidade em espuma jogada às margens, para depois se dissolver e virar fumaça. A Palavra alerta para o perigo de uma vida cristã superficial e sem engajamento espiritual: “Não havendo sinais (profecia) o povo se corrompe”, e o apóstolo Paulo diz: “… o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza…” (1Ts 1.5). Esse mesmo equipamento necessário e permanente na vida do crente foi predito pelo profeta Joel: “E mostrarei prodígios no céu e na terra, sangue, e fogo, e colunas de fumaça… E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”, 3.30-32. 

Assim a evidência de sinais de prodígios e operação de maravilhas acompanhavam a pregação dos discípulos (Mc 16.17), desde o “Ide” pela Grande Comissão a Igreja: “E disse-lhe: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado… Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém!”, Mc 16.15-16,19-20.

E já na introdução do seu livro percebe-se uma das causas de sua pétrea defesa da pretensa obscuridade bíblica. “Nasci e cresci em um tempo e lugar conservadores – a área central dos Estados Unido da América, em meados da década de 1950. Minha criação nada teve de extraordinário. Éramos uma família normal, de cinco membros que iam à igreja sem ser especialmente religiosos. Começando pelo ano em que seu estava na 5ª série, estávamos envolvidos com a igreja episcopal em Lawrence, Arkansas…”.

Uma das travessuras de Bart, “já no ensino médio”, junto ao filho do pastor de sua igreja, envolvia charutos. Hoje ele se junta ao grupo de teólogos que discutiam Teologia batendo seus cachimbos à mesa, na Idade Média. 

Embora sua igreja fosse “socialmente respeitável e socialmente responsável” “… a Bíblia não era abertamente ressaltada”. Ele diz ainda: “Nós realmente não falávamos muito sobre a Bíblia, nem a líamos muito”.

Das informações que vão dar base para a análise de credibilidade e reconhecimento do ponto de vista de independência ou não de sua tese, com conteúdo ou não de possíveis desvios, a partir da formação de seu caráter, e que, portanto, forneceria elementos de influência em opinião futura (visto tratar-se de uma questão religiosa), temos ainda o seguinte: “Lembro-me que sentia uma espécie de vazio interior, que nada parecia capaz de preencher, que não saía muito com meus amigos (nós já tínhamos começado a beber socialmente nas festas), que namorava (começava a entrar no mysterium tremendum do mundo do sexo), que estudava (eu dava duro e tirava boas notas, mas não era nenhum crânio), que trabalhava (eu era vendedor porta a porta de uma firma que comercializava produtos para venezianas)… (…). Eu sempre achava que faltava algo”.  

O que ainda fundamenta o distanciamento da fé cristã, para deixar claro o primeiro ponto, foi a influência de Princeton. O ex-seminário presbiteriano tem história semelhante a do congênere Harvard, fundado pelo pastor John Harvard – o de formar obreiros. Ao contrário disso, embora ainda neles resistem os referenciais cristãos, os dois centros passaram a figurar como formadores de agnósticos, ateístas, materialistas e humanistas.

De tudo o que temos na exposição da incredulidade do teólogo Bart, ressalta aos olhos a exposição espetacular – própria do homem pós-moderno – de suas revelações, que acaba por desvendar as premissas, que, consequentemente, indicam causas e efeitos.

“E uma vez mais, meus amigos evangélicos me avisaram que eu não deveria ir para o Seminário de Princeton, porque, segundo me disseram, eu teria dificuldade em encontrar cristãos ‘verdadeiros’ lá. Afinal de contas, Princeton era um seminário presbiteriano, um solo não exatamente fértil para cristãos ‘renascidos’. Contudo, meus estudos de literatura inglesa, filosofia e história – para não falar do grego – tinham ampliado significativamente meus horizontes. Eu estava apaixonado pelo conhecimento, em todos os seus campos, sacro ou secular. Se aprender a ‘verdade’ significasse não mais me identificar com os cristãos renascidos que eu conhecera no ensino fundamental, que assim fosse. Meu interesse era avançar em minha busca da verdade, onde quer que ela me levasse, na confiança de que toda verdade que eu aprendesse não era menos verdade por ser inesperada ou impossível de enquadrar nos pequenos escaninhos fornecidos por minha experiência evangélica”.

O desequilíbrio, mola propulsora para o registro de extremos, é notório

Como disse meu velho e saudoso pastor, certa feita, ao tecer comentários sobre um colega de seminário, após demonstrar significativas mudanças, protagonizadas pela assimilação da filosofia da Teologia da Libertação: 

           – Ele cresceu na letra e caiu no Espírito!

É sempre bom observar as considerações de pessoas que estão do lado de fora daquilo que ocorre conosco. Dizem que as tais enxergam melhor e, por não estarem envolvidas emocionalmente com o fato, caso, ocorrência, situação ou circunstância, têm melhores juízos que nós mesmos. E é o que notaram os amigos de Bart. Eles já previam o que deveria ocorrer com aquele novel teólogo. Com certeza seus comentários diziam respeito à análise do caráter daquele jovem, talvez pela superficialidade de sua crença e de suas deficiências estruturais de fé, conforme ele mesmo aponta, em sua época do Seminário Moddy (Moddy Bible Institute): “Acho que eu o encarava como uma espécie de acampamento cristão militarizado”. Essa idéia mostra-se débil, desencontrada, e mítica, totalmente destoada da realidade da fé cristã. Ela indica ainda o arquétipo de um futuro de desconstrução, próprio dos que foram impactados pelo Iluminismo, por suas bases inseguras e instáveis. 

Erros e erros

Como o grande descobridor Bart toma Orígenes que teria falado “do ‘grande’ número de diferenças entre os manuscritos dos Evangelhos; mais de cem anos depois, o papa Dâmaso estava tão preocupado com as variedades dos manuscritos latinos que encarregou Jerônimo de produzir uma tradução-padrão; e o próprio Jerônimo teve de comparar numerosas cópias do texto, em latim e grego, para decidir qual texto ele pensava ter sido originalmente redigido pelos autores”.

Temos alguns erros que não dizem respeito à revelação e isso fica claro à medida que acaba sendo corrigidos, sem, contudo, alterar o sentido da mensagem ou desmerecer a própria inspiração. Citamos o caso de 2Samuel 15.7, que lança a dúvida entre 40 e 4 anos: “E aconteceu, pois, ao cabo de quarenta anos, que Absalão disse ao rei: Deixa-me ir pagar em Hebrom o meu voto que votei ao Senhor” (2Sm 15.7).

Algumas versões grafam 40 anos e outras 4 anos. Qual é a correta?

A explicação diz respeito aos manuscritos disponíveis à época de Almeida (século 17). Alguns poucos manuscritos (cópias datadas dos séculos 11, 12 e 14) trazem “quarenta”. Já a maioria dos manuscritos do Antigo Testamento (datados dos séculos 2 a 9) trazem “quatro”. A Revista e Corrigida (RC) baseia-se nos manuscritos disponíveis ao tempo de Almeida; a RA e a NTLH, em manuscritos mais antigos e melhor conservados.4

Revelação a Paulo

Quanto à Revelação do Senhor a Paulo parece que há controvérsia nos registros apresentados em Atos 9, 22 e 26: 

“…indo, então, a Damasco… ao meio-dia, ó rei, vi no caminho uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol, cuja claridade me envolveu a mim a aos que iam comigo. E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me falava e, em língua hebraica, dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões. E disse eu: Quem és, Senhor? E ele respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues” (At 12-15).

As dúvidas dizem respeito à participação dos companheiros de Saulo na questão da cegueira, a voz e respectiva mensagem: Eles teriam também caído, também ficaram cegos, ouviram também a voz? A idéia que se tem é que as três passagens em Atos destoam.

Enquanto ia pela estrada de Damasco, por volta do meio-dia, quando o Sol está no seu mais intenso brilho, Paulo viu uma luz do Céu mais radiante que o brilho do Sol. Brilhava ao redor dele e de seus companheiros (At 26.13) “(…) Paulo e seus companheiros foram subjugados pela luz milagrosa e caíram ao chão. Nada é dito sobre os companheiros caindo ao chão em Atos 9.4 e 22.7, nem Paulo diz qualquer coisa aqui sobre de ter ficado cego”. 3

Até aí não há nada contraditório, pois a narração repetida de um fato pode variar de acordo com as circunstâncias. Devemos considerar os objetivos de Paulo e o endereçamento de suas afirmações. É importante notar o seguinte:

1) No primeiro caso, em Atos 9, o livro narra o acontecimento. 

2) Em Atos 22, Paulo fala aos judeus e usa a visão para persuadi-los sobre a realidade do Messias, e, por fim, 

3) em Atos 26, ele anuncia a visão ao rei Agripa.

Às vezes, Paulo fala somente dele – destaca a sua pessoa – e não inclui na história os demais que estavam com ele. Isso é válido, pois o evento diz respeito a ele, tão somente. 

Em Atos 9 ocorre a revelação do Senhor a Saulo; em Atos 22 temos o discurso aos judeus; e em Atos 26, Paulo está perante o rei Agripa.

Aparentes divergências

Atos 9.7 e 22.7 – somente Saulo caiu por terra. 

Atos 26.7 – no discurso a Agripa, Paulo fala que todos caíram. 

Atos 9.7 – todos ficaram mudos, depois de ouvirem a voz, mas sem ver ninguém. 

Atos 22.9 – todos viram a luz, mas não ouviram a voz.

A questão está na divergência da construção gramatical

Atos 9.7 o grego liga-se ao genitivo – “Caso de declinação de certas línguas, que representa, por via de regra, complemento possessivo, limitativo, e algumas vezes circunstancial”.5

Atos 22.9 – tem a ver com o acusativo.

Atos 22.9 – significa ouvir a voz e entender o que se diz, enquanto a outra forma indica ouvir o som da voz, sem entender o que se diz ou o sentido da declaração.

 Carta em resposta

Em 1Coríntios 7 Paulo responde carta aos coríntios, prática comum na época e meio predominante na comunicação. Embora a carta fosse postada pela igreja, sem ter propriamente um remetente em particular, o que seria comum, caso fosse de um intelectual da época, o apóstolo, homem letrado e sábio, um verdadeiro literato, não fez nenhum comentário ao que poderia saltar-lhe aos olhos, quanto a possíveis tropeços gramaticais, ou a menos, pontos mal escritos, dúbios, mal explicados, ruim de entender ou ler etc. 

Mas, ao contrário do que Bart tenta arquitetar para desmerecer o texto bíblico, ao afirmar que as cartas e respectivas cópias eram feitas por homens incapazes, mal letrados, Paulo, em momento algum observa possíveis falhas.

Também para derrubar suas afirmações sobre cartas mal escritas, sem técnicas de construção de texto, é só dar uma olhada em 1Coríntios e perceber que a construção da carta segue uma técnica bastante avançada para a época. O apóstolo constrói uma introdução nos primeiros capítulos, com elogios aos coríntios, até chegar ao momento em que expõe o principal motivo da mesma, e chamar atenção pelas falhas existentes naquela igreja.  

Crítica em cima de 1% de erro sem influência alguma

Em resposta a Bart alguns biblistas e especialistas em História Antiga, falam das inconsequências do autor, quando afirma que os manuscritos nos quais baseamos não são confiáveis. Suas afirmativas são apelativas e Bart não é honesto em suas críticas, mas toma aquilo que lhe interessa e despreza o que está escondido à visão de leigos.

O doutor Paul Meyer, professor de História Antiga da Western Michigan University (EUA) é um dos que discorda de Bart e declara que o próprio tempo e a evolução das descobertas dão-nos uma visão e leitura mais perfeitas de todo o conteúdo bíblico, a partir de novos manuscritos descobertos, sem mudanças substanciais.

Ele analisa, por exemplo, a edição King James, de 1611, que teve como base seis manuscritos. Mas sua edição revisada de 1870 contou com dois mil originais gregos. Além desse crescimento, em termos de elementos que podem confrontar tais oposições, atualmente os estudiosos contam com nada menos que 5.700 peças inteiras ou parciais. São riquezas que podem ser usadas para comparar e chegar ao texto mais perfeito possível, levando em conta a originalidade, segundo doutor Paul, apresentado por John Rabe.

Portanto os críticos textuais utilizam regras mais exigentes e são capazes de chegar mais próximo possível das bases, argumenta o especialista. Ele diz ainda que as 2 mil variações existentes no Novo Testamento afetam somente 1% do seu conteúdo. 

De posse de grande número de manuscritos é possível chegar quase que 100% dos originais e corrigir qualquer erro de tradução que pode ter ocorrido no decorrer da história. Esta informação derruba a força que Bart tenta imprimir em seus argumentos. 

Já o doutor Timothy Paul Jones, do Seminário Batista do Sul dos EUA, também apresentado por Rabe, diz que quando Bart alega que há entre 200 mil e 400 mil variantes entre todos os manuscritos do Novo Testamento deixa a impressão que as somente 138 mil palavras do Novo Testamento são todas erradas. Indica que há muito mais diferenças nos manuscritos do que palavras, e se assim fosse não poderíamos, realmente, confiar no que o Novo Testamento diz. 

Timothy chama a atenção para a desonestidade do famoso teólogo e afirma que Bart não diz que mais de 99% dessas variantes nem mesmo se nota na sua tradução em inglês, pois envolvem somente diferenças de ortografia ou nuances do grego (que se pode detectar facilmente). São erros tão gritantes de tradução que não dariam nem mesmo para ser traduzidos, uma vez que são facilmente perceptíveis e nem mesmo daria para escreva-las novamente, tamanha a notoriedade.

Os outros 1% não tem nenhuma influência nas verdades ensinadas por Jesus no Novo Testamento. As “falhas” apontadas não tocam nem mesmo de longe no conteúdo dos ensinos de Jesus, na historicidade bíblica, nas doutrinas esboçadas no NT e na ortodoxia bíblica. 

O que Bart tenta é forçar as ondas que empurram a espuma para a margem a seguir trajeto contrário, além de ignorar a imensidão do próprio mar e se ater às pequenos blocos de espuma que somem na própria areia, sem jamais ser visto novamente.

Antônio Mesquita é jornalista, graduado em Teologia pelo Ibad; ministro do Evangelho autor dos livros Tira-dúvidas da Língua Portuguesa; Ilustrações para Enriquecer suas Mensagens; Pontos Difíceis de Entender; e Fronteira Final/CPAD; O Mundo das Palavras (Netser); e Manual do Ministério Cristão (Lopes Editora).

Bibliografia

1) O que Jesus Disse? O que Jesus não disse?: quem mudou a Bíblia e por quê?¹/Bart D. Ehrman; tradução Marcos Marcionilo – São Paulo: Prestígio, 2006).

2) Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. 1728 p.

3) Comentário Bíblico, Edições Loyola, Vol 3 (Evangelhos e Atos, Cartas, Apocalipse), 3ª edição: setembro de 2001, Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 1999. 

4) Mesquita, Antônio, Pontos Difíceis de Entender/CPAD, 2006.

5) FERREIRA, Ebenézer Soares, Dificuldades Bíblicas e Outros Estudos, da União Brasileira de Escritores – Seção de Campos; Sociedade Brasileira de Romanistas; Academia Evangélica de Letras; The American Schols of Oriental Research – Casa Publicadora Batista (Edição do Autor, Campos , Rio de Janeiro, 1965).

BRUCE,  F.F. Paulo Apóstolo da Graça: Sua vida, Cartas e Teologia. Trad. Hans Udo Fchs.

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EVANGÉLICOS SERIAM OS VILÕES POR CALAREM UM PARTIDO CORRUPTOR?!

Temos ditos teólogos, que levantam a voz para a sutil defesa da bandeira vermelha, distantes do vermelho sacrifical de Cristo. Não medem esforço para críticas a pastores e evangélicos em geral, por declararem abertamente a preferência pelo militar da reserva, capitão Bolsonaro.

Nem todos são tanto Bolsonaro quanto opositores à quebra de paradigmas básicos, morais e éticos de uma sociedade, de uma nação, uma pátria.

DES-ALINHAMENTO?!

Falam de alinhamento a preceitos bíblicos-cristãos, sob crítica a princípios militares, a partir da repressão à tentativa de tomada do país pela guerrilha e imposição do regime comunista em 64.

Realçam as ditas torturas nos quartéis e presídios, na épica guerrilha encabeçada por jovens guerrilheiros, treinados em países comunistas, como em Cuba.

Eles investiam contra quartéis, assaltavam bancos, impunham o medo, por meio de atos terroristas, como as Farcs e tantas outras guerrilhas, como o Sendero Luminoso no Peru, onde pastores, igrejas e cristãos (evangélicos) foram presos, seguestrados, torturados e mortos. Ouvi testemunhos assustadores em Arequipa.

CAMINHOS ESCOLHIDOS

Houve, portanto, uma disputa de poder, por meio de guerra cruel e armada, com baixas nos dois lados. Os ataques foram contra as instituições, símbolos e estruturas nacionais.

‘Talvez o grito da crise da razão iluminista, que criou o conhecimento para eliminar pessoas’ (Hanna Arendt). Está contido na ideia de que o conhecimento pode ser técnico, mas o exercício do pensamento dá sentido ao próprio ser, o ego. Não posso ser absoluto, para fazer o que acho que está certo.

RESTABELECIMENTO DA ORDEM

Depois de vencer aos ataques, as Forças Armadas dominou a situação e assumiu o poder político-administrativo
do país – caminho óbvio -, até à
normalização democrática, para ceder à eleição presidencial direta.

Caso a guerrilha vencesse, seria seguida de perseguições e milhares de mortes pelo pelotão de fuzilamento, como ocorreu em Cuba – óbvio também.

Os perdedores não se deram por vencidos e, no poder, usaram-no para anistias com pomposas e infames reparações financeiras, pois ‘os valores são rapidamente trocados na experiência do totalitarismo’ (idem).
Não foram vítimas, mas parte de um dos lados de uma guerra armada.

O LIBERALISMO

Esses teólogos, por sua escolha de lado, a esquerda (socialismo, redundância para comunismo), justamente o regime repressor, tirano, ditador e cruel contra a Igreja, seus pregadores e missionários pelo mundo, com prisões, torturas e mortes, realçadas pela crueldade. Portanto são liberais, isto é, não crêem na atualidade das doutrinas básicas cristãs, descreditando sua autoridade e relatativizando tudo.

EXEMPLO DE GUERRILHA
E CRIMES NA BÍBLIA

Temos no Novo Testamento o registro de crime de guerrilha partidária, com escolha clara por um dos dois lados.

Trata da opção entre o Filho do Pai, Jesus Cristo e pelo também ‘filho do pai’, no aramaico, Bar-Abbas. ‘E havia um chamado Barrabás, que, preso com outros amotinadores, tinha num motim cometido uma morte’, Mc 15.7.

No julgamento de JC pelo governo romano da Província da Judeia, Pôncio Pilatos, o povo ignora o seu Messias e opta cegamente por Barrabás, natural de Yafo, sul da Judeia, provável membro do partido dos Zelotes. Também é identificado como salteador e/ou assassino.

Essa organização política atacava legiões do exército romano. Barrabás foi preso após um ataque desses, em Cafarnaum, em que um soldado fora morto, conforme o texto sagrado: ‘E havia um chamado Barrabás, que, preso com outros amotinadores, tinha num motim cometido uma morte’, Mc 15.7.

REINO E NÃO IMPÉRIO

Não obstante Israel ser uma nação teocrática, e o judaísmo até tomado como adjetivo pátrio, a Bíblia silencia quanto a ação exacerbada de Barrabás, e não o toma como herói. E olha que antes dele, os heróis Judeus Martelos, os Macabeus, fizeram o mesmo, por meio da tática de guerrilha.

Isso porque o SENHOR veio para anunciar o Reino de Deus – ‘o meu Reino não é deste mundo’ – e não um império, e mostrar que aquilo que tem viés espiritual precisa ser vencido por ação igualmente espiritual. Também condenar as obras do mal e a suposta justiça que Barrabás estaria buscando, associando-se à morte, por meio de uma atividade à margem da sociedade.

Considera-se ainda os romanos como corretivo usado por Deus para condenar o pecado nacional e provocar a conversão ou volta dos israelitas a Ele, mas ‘o príncipe deste século, cegou-lhes a visão’.

Os teólogos da época, toda a classe sacerdotal, com escribas, saduceus e fariseus, e raríssimas exceções, estavam tão secularizados, que também não conseguiram separar o profano do sagrado e tornaram-se partidários, provocando dissensões, heresias, a suscetibilidade e enfraquecimento da nação, levando o povo, como consequência, ao sofrimento extremo.

JUSTIÇA FRAUDADA

Então, a premissa equivocada deles, não poderia ser concluída com sucesso. O extremo chegou a tentar eliminar Aquele que parecia apoiar os dominadores de Roma, ‘parecia’, pois a sua realidade, embora sob realces quase inquestionáveis, nem sempre é a mesma divina, uma vez que coisas que enlouquecem, aprisionam a razão

Não havia como condenar Jesus, o Cristo, não obstante uma série de acusações mentirosas apresentadas, como verdadeiros fake news, pelos religiosos, de antemão, condenados pelo SENHOR. Porém, o vulgo, insuflado por sacerdotes e opositores à atualidade sagrada, ignorantemente, clamavam contra o Messias judeu.

Esse mesmo populacho, ignorante e sem as devidas informações, privilégios das classes sacerdotais, que os incitava, aceita o (falso) ‘filho do pai’ e rejeitam, por maioria absoluta, o verdadeiro Filho do Pai, o Ungido, Enviado, Cristo.

Faltou ao povo líderes para levá-lo ao conhecimento e escapar do vaticínio: ‘Eis que o meu povo está sendo arruinado porque lhe falta conhecimento da Palavra. Porquanto fostes negligentes no ensino…’, Os 4.6. Eles estavam justamente com ausência de orientação, aio, guia, como ovelhas sem pastor, sob uma pedagogia sem ‘pai’, equivocada e sem aprendizagem.

Hanna fala do holocausto hitleriano e alerta sobre a troca do obedecer pelo apoiar, como meio de antever a justificativa do ‘eu não sabia’.

Finalmente sofreram as duras consequências de suas escolhas, empurrados até ao reduto montanhoso de Massada, onde foram massacrados pelos romanos, após destruição total de seu centro sagrado, o Templo de Jerusalém, a própria pátria, e serem desterrados. Nos encombros do monte no deserto da Judeia, hoje eles fazem o juramento:
– Massada, nunca mais!

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Desde a Criação, a história da humanidade passou a ser vista e estudada a partir de divisões de períodos, separados por fatos determinantes. Da Antiguidade ou Idade Antiga, de 4000 a 476dC, passamos pela Idade Média, de 476 até 1456; Idade Moderna, de 1453 até 1789; e chegamos à Contemporânea, a partir de 1789.

Até a Idade Média o ser humano foi adequando-se e explorando as formas de vida, que pudessem fornecer-lhe melhores condições de sobrevivência. Houve crescimento e descobertas interessantes, a oferecer avanços significativos, em especial na agricultura. Antes, o homem jogava a semente ao solo e esperava pela germinação, crescimento e colheita, sem nenhum tipo de tecnologia, por mais rude que fosse ou preparação do solo, como na Parábola do Semeador, dita pelo SENHOR: ‘O semeador saiu a semear’.

Na Idade Média houve uma interrupção de crescimento, pois o mundo sofreu a influência do obscurantismo, em que o homem fora privado de exercer suas capacidades intelectuais. A Igreja Católica Romana adotou crenças e superstições da mitologia greco-romana e, desde então, passou a manipular em conluio com reis e nobres. O resto era tratado como resto mesmo, isto é, o proletariado.

Como sempre, a divisão da estrutura católica romana se dá entre os que são realmente membros da igreja (catolicismo) – o clero – e os fiéis. Daí o porquê das classes distintas, que motivara, de certo modo, a Teologia da Libertação (da pobreza), lançada pelo catolicismo latino, e de sua colonização.

Idade Moderna

O período seguinte foi o da Idade Moderna, no início do século 18. A partir de então, todas as formas de influência de origem cristã passaram a ser pressionadas pela frieza espiritual e ceticismo, pois a mesma época sofreu a influência do Iluminismo.

Tido como Filosofia das Luzes, o Iluminismo iniciou com o movimento de cunho filosófico do século 18, caracterizado pela confiança no progresso e na razão, pelo desafio à tradição e à autoridade, pelo incentivo à liberdade de pensamento e consequente desafio ao Absolutismo.

Até então o Absolutismo dormia em berços esplêndidos palacianos, pois seus domínios refletiam o conluio com a religião. Mas, os desmandos e imoralidade passaram a traí-los e o povo pôde ser facilmente convencido, a partir do aumento considerável de ganho de conhecimento, desde a Reforma Protestante, a ponto de perceber que não havia o pretenso equilíbrio entre o profano e o sagrado, bases dos conluios.

Pelo Iluminismo o homem passou a usufruir da liberdade de expressão através das artes, influência da Grécia antiga, que ofereceu também a filosofia. Desde então, determinados valores, ícones até então incontestáveis, passaram a ser questionados.

Libertados pelo conhecimento, uma vez que a falta dele leva à escravidão (cf Oséias 6.4 e Cl 2.2-4), a partir do calabouço cristocêntrico da Reforma (Ef 2.8-9), o homem não atentou ao equilíbrio. Partiu para descobertas, embriagado pelo volume de conhecimento, até descobrir o amargo do doce de Daniel 12.4: “E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará”.

Conhecimento profetizado por Daniel e que deveria jorrar no tempo do Fim, atualíssimo, não diz respeito à sabedoria humana propriamente, mas ao avanço tecnológico, como mostra Naum: “Os carros correrão furiosamente nas ruas, colidirão um contra o outro nos largos caminhos; o seu aspecto será como o de tochas, correrão como relâmpagos” (2.4).

 Avanços excepcionais

 Desde o seu início, até a Idade Contemporânea, o mundo conheceu 15 inventos, especificamente até 1714. Menos de 200 anos depois, o número saltou para 21. “A partir do século 18 (…), a quantidade de inventos cresce brutalmente” (Folha de SP, 11julh84).

Os terremotos, para dar ênfase à profecia (Lc 21.11), também acompanharam, com brutal crescimento: Século 7, ocorreram 17; século 14- 137; século 18- 640; século 19, foram registrados 2.139 e, no século 20, em somente 76 anos, ocorreram 5.200. Atualmente, perde-se as contas!

No caso dos inventos, há décadas, o então chamado ‘papa da comunicação’, Howard Rheingold, autor da Realidade Virtual, previra: “Tudo vai acontecer muito rapidamente…”.

STEPHEN

Neste mês (dez-14), noticiou-se a previsão do físico inglês, da Universidade de Cambridge, Stephen Hawking (foto). Segundo ele, “os robôs vão levar a espécie humana ao fim”, pois “a inteligência artificial vai superar os homens em menos de 100 anos”.

Existe profecia sobre isto? Daniel, complementado pelas profecias de João, em Apocalipse, também fala sobre o sistema cibernético a dominar os homens:

– “E, quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de oleiro, e em parte de ferro, isso será um reino dividido; contudo haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois viste o ferro misturado com barro de lodo. E como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em parte de barro, assim por uma parte o reino será forte, e por outra será frágil. Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão com semente humana, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro”, Dn 2.41-43.

Apocalipse atualiza esse ser cibernético, apresentando-o como parte de um sistema de domínio de mercado (político, social, econômico e financeiro e globalizado):

– “E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta. E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome. Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis”, Ap 13.15-18.

As teologias

Com Scheillamacher, Kierkgaard e Emanuel Kant, que exploraram a razão e o existencialismo, teoria que prega que a existência é antes da essência, nasceu a Teologia Liberal. Essa teoria exaltou a potencialidade humana, e mostrou que o homem é o produto da soma de seus atos.

Essa mesma visão conduziu o homem à Revolução Industrial. Até lá, sabia-se como e com que o homem nasceria e morreria. Não havia muitas opções, atrações e coisas novas. As vestes, por exemplo, eram raras, não fabricadas em série, como na Revolução Industrial. O mesmo ocorria com as cores. Eram básicas, com poucas opções, portanto, modestas. Logo depois, a cor vermelha, por exemplo, era considerada extravagante, provocativa e sensual.

Por ela a Modernidade apresentou transformações jamais pensadas. Mas, aquilo que já estava no homem deu vida à morte. Ela já brotava nas pragas, proliferadas pelo avanço populacional e ausência de meios de higiene. Não havia medidas preventivas, com profilaxias e formas de assepsia, como nas precauções tomadas por meio das orientações de Moisés no deserto. Somente depois ocorreram com o advento da infraestrutura e saneamento básico.

No calor das discórdias, a provocar guerras, como a primeira mundial, ‘o tiro saiu pela culatra’. As descobertas para fins belicosos acabaram provocando avanços científicos como a descoberta da penicilina, dentre outras.

Administração e geopolíticas

As áreas geopolíticas passaram a ser definidas, mostradas milhares de anos antes, na estrutura fantástica dita por Noé (Gn 9), a delimitar as origens desde então. Os núcleos humanos, com DNA e respectivas características bem definidos, também indicou a origem entre a Caldéia e África. Os continentes são povoados e a população mundial cresce sem parar…

Nos anos sessentas, o homem experimentou outra movimentação com novos questionamentos, ressaltados na Revolução Cultural. Intensificou-se o repulsa a valores, determinantes para mudanças pretendidas, conforme a mostra de fotografias, sob uso das artes. Surgem os Beatlhes, os Hippyes do Woodstock e as drogas… o rock e todo tipo de transgressão são realçados.

Pouco antes, na década de 40, os Estados Unidos mostram ao mundo o primeiro ato do movimento feminista, em um desfile de mulheres de topless.

Não paramos por aí. Nos anos oitentas se instala a Pós-modernidade. Segundo o teólogo Earl Creps “O pós-modernismo é uma reação contra os valores do mundo moderno, conforme foi formado pelo Renascimento, Reforma e Século das Luzes (Iluminismo).

A moderna visão de mundo é caracterizada (no ocidente) por várias características fundamentais:

  1. a) centralização no indivíduo;
  2. b) confiabilidade na percepção humana;
  3. c) primazia da razão;
  4. d) objetividade da verdade;
  5. e) inviabilidade do progresso;
  6. f) certeza de absolutos;
  7. g) incerteza do sobrenatural
  8. h) uniformidade da visão de mundo”.

Pós-modernidade

A Pós-modernidade, aliada à Globalização, fez com que as circunstâncias imprescindíveis para a manutenção de nobrezas, maquiadas por segredos ou ignorância desaparecessem e desnudou um amontoado de mascarados. Mas a falta de dosagem matou o doente.

Vejamos: O sexo nunca esteve tão banalizado como nos dias de hoje. Essa vulgarização, o tornou ordinário e levou o homem a buscar opções, o que a Bíblia chama de outro sexo, como na busca dos gigantes pelas filhas dos homens, de Gênesis 6. Os chamados nephilins, que Moffat e alguns teólogos judeus, traduzem como anjos, objeto de discussão até hoje, desembocam no versículo 5, a retratar a época, à semelhança atual:

– “… a maldade do homem se multiplicara sobre a terra, e que toda a imaginação dos pensamentos do seu coração era só má continuamente”.

Os bons costumes, o respeito e a decência caem por terra. “A esculhambação nunca foi tão grande”, diz a manchete do caderno Ilustrada, Folha de São Paulo de 31/7/91, com o subtítulo: “A partir dos anos 70, a breguice deixou de ser ingênua e instaurou-se uma cultura do mau gosto, da cafajestice”, disse a falecida e depravada atriz Dercy Gonçalves.

A Folha continua afirmando: “mas é certo que, a partir dos anos 70, instaurou-se – ao lado da moralidade e do escândalo social crônicos da nossa sociedade –, uma cultura do mau gosto, da violência estética, de selvageria texana. A breguice deixou de ser ingênua e marginal”.

E ainda, “…Num exibicionismo de novo estilo… a imoralidade agravou-se, e espalha-se por todo lugar. Vive-se numa situação em que o malfeito, o precário, o propositadamente ruim e grosseiro e o lixo são canais legítimos da expressão… Esta sociedade em que vivemos parece impelir tudo à brutalidade e à esculhambação”.

Em Berlim, o prefeito Benno Hesse, do grupo Democracia Agora, está propondo a criação de um bordel comunitário na sua área (região administrativa do centro de Berlim), utilizando as casas vazias onde os filhos das prostitutas também poderiam morar. Ele tenta justificar-se: “Minha proposta tem sentido humanitário”. A matéria está na Folha de São Paulo de 17/5/91, com uma retranca que diz que na Babilônia a prostituição, era um rito sagrado.

Colocamos a matança à frente de nossas crianças

A Unicef diz que no Brasil existem cerca de 500 mil meninas entre 10 e 12 anos que são prostitutas. Cerca de um milhão de adolescentes dão à luz anualmente no Brasil. Segundo o IBGE hoje o país tem em torno de 16 milhões de meninas adolescentes, com idade entre 10 e 20 anos. O índice de mães menores de 15 anos, que era de 0,24% em 1986, dobrou nos últimos anos e 20% das crianças nascidas vivas são filhas de mães adolescentes – dados desatualizados: Folha, 8/3/91.

A verdade é que os adolescentes estão perdidos, envolvidos em caminhos que os convidam à promiscuidade e nem sempre mostram o retorno dessa longa viagem que, não poucas vezes, levam à morte.

Enquanto escrevo o texto (11dez14), ouço a chamada na televisão, da banalização da vida: ‘Homem de 26 anos, confessa ter matado mais de 40 na baixada fluminense’.

“Nos últimos 25 anos a taxa de suicídio cresceu 300% nos EUA e em outros países industrializados” – disse ao jornal a Folha de SP (22/4/91), o psicólogo Alan Ward, do Institute for Juveline Reseasch (Instituto de Pesquisas do Jovem), da Universidade de Illinois, Chicago (EUA). Somente no ano de 90, nos EUA, houve cinco mil suicídios de adolescentes e 500 mil tentativas.

Para Alan Ward, o problema aumentou porque o mundo hoje está mais difícil para os adolescentes. Segundo ele até progressos sociais, como a libertinagem feminina, aumentam a confusão na cabeça dos adolescentes.

Já em 1991, a então deputada pelo Rio, a petista Benedita da Silva, pediu o fim do adultério como crime. Ela e mais quatro deputadas do PT, solicitarm a mudança do artigo 312 do Código Civil, deixando de prever a “fidelidade recíproca” como um dever dos cônjuges passando a exigir o “respeito e a consideração recíproca”. O deputado Roberto Magalhães (PFL-PE), disse que ser for aprovada a emenda proposta pelas deputadas, “é melhor acabar com o casamento” (10/91).

As previsões de Jesus Cristo sobre o Fim assemelham-se ao retrato imediatamente anterior ao Dilúvio: “… comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento” (Mt 24.38), cuja tradução é ‘faziam festas, com características promiscuas e casavam e descasavam e casavam-se novamente’, retrato atual.

Não é só isso! Não temos mais referenciais em todos os segmentos da sociedade humana. Não temos mais o registro de profissionais exemplares, líderes a serem seguidos, políticos honrados, respeito e perícia no trânsito, incluindo o Estado, e total ausência de fiscalização e punição.

Surgem doenças especialmente criadas, para preencher espaços construídos por uma sociedade que animaliza o homem e humaniza o animal.

As crianças passam por ansiolíticos, confortáveis métodos para sustentar a psicanálise e justificar a criação de doenças de nomes sofisticados: Déficit de Atenção e Déficit de Aprendizado…, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), para nomear manias, medos, ansiedade , atitudes místicas, com siglas e tudo mais… A alma do homem está enferma a contaminar o espírito, pois o corpo não passa de um embrulho!

Com o advento do sistema socialista no mundo, as regras básicas para o bom relacionamento humano, são, a cada dia, descaracterizadas. No Brasil instaurou-se a anarquia (do grego anarkhos, sem poder, governo), usada para denominar ideologias, em oposição a valores sociais, político, militar e religioso e seus decorrentes como o Estado, leis, propriedade e a própria ordem.

O ser (honesto, de nobreza e caráter) deu lugar ao ter (dinheiro, triunfo, riquezas, não importa como). Vivemos outra semelhança à época do Dilúvio, quando o SENHOR acabou com tudo, pois “A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência”, Gn 6.11.

Em meios ditos cristãos, existem novas tendências, modismos e tentativas de atenuar a ortodoxia cristocêntrica. Busca-se a adequação de formas ‘aceitáveis’ e mais próximas das práticas mundanas, na tentativa de confundir amor com tolerância.

Se a Luz for vencida, o caos se instala e só restará o Fim de todas as coisas!

A que horas estamos? Responda você mesmo e aproveite para acenda uma luz nessa escuridão ou, a demorar muito, vou perguntar: Onde estamos!

Maranata!

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