Embora tenha regras bem definidas, quanto a sua base, a Igreja é um Corpo em que seu organismo pode surpreender por suas formas de apresentação ao mundo. Conforme apóstolo Pedro apresenta, ao falar dos dons: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”, 1Pd 4.10.
Isso não significa a possibilidade de alteração da base doutrinária a partir da interferência humana. Sua base é indestrutível, sólida, permanente (eterna) e imutável. Tem suas estacas fincadas na Rocha Eterna – o próprio Deus, representado em Cristo.
Algumas doutrinas
Suas doutrinas básicas incluem a não prática do sexo fora da união entre macho e fêmea – o casamento; a não ingestão de carne sufocada (com sangue), pois o sangue representa a alma animal (de animus, vida animal), conforme Levítico (“Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma”, 17.11,14; Dt 12.23; Ec 3.20-21; At 15.20); a preservação da vida, portanto, não se aprova o aborto; a reprovação da idolatria (At 2.20,28-29); a não consulta a mortos (“Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?”, Is 8.19; “E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem, que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores”, At 16.16); a doutrina da Unidade divina: há um só Deus (“E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor”, Mc 12.29), em 3 pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo (“Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um”, 1Jo 5.7). A Palavra é Cristo: João 1.1,14; Mt 28.19; Ef 3.14-19; 1Co 6.11; 2Co 13.13; Gn 1.26 etc.
Pedrinhas, Pedras e a Rocha
Sua base está bem definida em Cristo – a Rocha: Dt 32.4,18; Is 44.8 –, com a construção de pedras, a partir dos Profetas, passando pelos decretos dos 12 Apóstolos (Ef 2.20; At 2.42; 16.4, bem por isso, únicos (cf Gl 2.9). Cristo é a base principal, a petra, isto é, uma rocha sólida e os seus fiéis pedras lavradas, lithos, no grego, conforme 1Pedro 2.5, enquanto Pedro é petros, uma pedra solta, lasca…
As pedras lavradas – pedras vivas – conforme 1Pedro 2.5, são os fiéis, membros do Corpo de Cristo, também edificadores da Igreja, no sentido de enlevo espiritual e formados casa para habitação divina: “No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito”, Ef 2.21-22.
Porém, retratando o que dissemos na introdução, ninguém pode interferir por projetos próprios ou capacidades humanas, sob o pretexto de pretensa melhora construir outro edifício, conforme alerta apóstolo Paulo: “Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele”, 1Co 3.7-10.
Após crescer e ter sua influência cooptada por homens, primeiramente fiéis, mas, depois, embriagados pelo poder, que se lhes não pertencem, a Igreja do Senhor passou a ser alvo de espertalhões. Eles vêem nela um meio de vida e não a Vida inteira em Cristo. Para que se perpetuem no poder e ter seus intentos absorvidos, aceitos pela membresia, eles tentam desconstruir o que fora preestabelecido pelo Senhor. Então, se alinham aos homens naturais, com objetivos iguais: tratamento com desdém à doutrina de Cristo.
Sentam em cima de cadeiras douradas, em momentos humanos de glória – já em posse e seu galardão, sem restar mais nada a receber –, ficam na porta do Céu, a exemplo dos fariseus; não saem e tampouco permitem que outros entrem.
Em verdadeiros conluios, com os que leem a mesma e nova cartilha, cegados pela glória vislumbrada pela visão humana, deliciam-se com as honras humanas e as belezas que o mundo temporal resplandece como se oferecessem para ocupar o lugar de Jesus na tentação, ao escalarem o pináculo do Templo, para a aceitação do que o Diabo ainda oferece: Toda a glória do mundo.
E para que tudo isso lhes ocorra, precisam alterar os rumos deixados por ‘seus pais’ – tão recentes – com a desregulamentação de leis pétreas, que regem a Igreja do Senhor.
Riqueza à mostra na barriga
Numa delas, o Senhor estabelece que o discípulo não deve deter riquezas: “Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos”, Mt 10.9. Já prevendo que os orientais detinham uma bolsa pregada ao cinto, para carregar moedas e que a dependência da riqueza esvazia a crença e a fé, Jesus alerta para que seus discípulos não transportem à cintura, moedas de ouro, de prata e nem mesmo as menores de cobre, exceto o bordão, pois deveriam viver inteiramente na dependência da providência divina.
Paulo, o apóstolo, já enfrentava o desvirtuamento das bases cristãs e alerta, com vistas ao seu futuro, quadro muito vivo hoje:
“Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade”, 1Tm 3.1-7.