A linda morena de rosto de linhas fortes e traços de perfeição, Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, revelou o desequilíbrio do rapaz Lindemberg Alves, de 22 anos. Seria diferente não fosse a tão discrepante faixa etária dos dois. Se os dois fossem amadurecidos, a diferença de idade não produziria tamanho desacerto, pois ambos estariam fora da fase de transformações hormonais. Mas, naquela circunstância, as diferenças transformaram-se em um monstro. Este mesmo ser tresloucado e caracterizado por várias cabeças, voltou-se contra ela.
No primeiro momento, quando Eloá, ainda criança com seus 12 anos, começou a namorar o rapaz, sete anos mais velho, instalou-se aí o potencial registro para um trágico fim. O desequilíbrio estava dando os seus primeiros passos.
Nela o organismo produzia hormônios (do grego hórmon, derivado do verbo hormân, que significa “pôr em movimento, excitar”), dando início à excitação do período da adolescência, e start da saída da fase infantil. Seus hormônios passavam a mostrar a ela o desejo de aproximação do planejamento de uma vida de mulher, porém, a começar pela fase de adolescente e jovem virgem, uma donzela. Somente quando adulta – fora da fase da revolução hormonal, quando as transformações ocorrem, com reflexos no corpo –, deveria acontecer a busca pelo casamento: a união que forma o Adam (homem), criado macho e fêmea: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou”, Gn 1.27.
No rapaz, por outro lado, àquela fase hormonal ficara no passado. Já amadurecido ele corria em busca de uma donzela que pudesse ser sua mulher.
Aos 19, ele já estava de saída da fase crítica da adolescência a caminho da fase adulta. Ela aos 12 estava entrando, e 3 anos após ainda passava pelo auge de sua experimentação das transformações, do novo, de outras pessoas mais e menos interessantes para o seu círculo de amizade, e até do desejo de ser mulher.
Ele, por sua compleição de tendência machista, dominadora, possessiva e mente com queda para o mal, já planejava meios de prendê-la e preencher com perfeição, à sua vista, os seus anseios, que agora (por questões de formação de sua psique), aos 22 anos, estavam mais acentuados: Lindenberg quer ter, ou melhor, possuir uma mulher.
Para preencher os espaços e não deixar nada a desejar, mantinha um bom relacionamento, bem visto e em destaque naquele círculo de convivência, sem deixar brechas para a possível repulsa da menina, agora mais bela e mais atraente ainda, comunicativa e quase uma celebridade das redondezas.
Uma das buscas foi o destaque no futebol, no relacionamento com os moradores, verdadeiros disfarces do transtorno mental, de uma psicose escondida, que aguardava o momento de sucesso ou de ataque, de uma verdadeira fera ferida, com a separação imposta pela bela, “a deusa da minha rua”.
A sua parte, como trabalhar em dois empregos, estava sendo feita, faltava tão somente ela corresponder às suas expectativas. Era tudo ou nada!
A quem ele buscava?
Para ele Eloá era a verdadeira deusa do amor, a eugênia de sua vida, a mulher perfeita, afinal, Eloá tem significado que procede do hebraico e significa Deus (El). É o singular do conhecido Eloim.
A insistência em possuí-la – aqui não é amor, mas paixão, que significa adesão cega e até sinônimo de loucura, pois o amor assume o lugar do outro e não toma o lugar do outro, como ele quisera e fez – foi rechaçada pela sua deusa, a quem ele pensava que poderia negociar o céu, mas os diabinhos que o acompanhavam davam-lhe mostra dessa impossibilidade, pois um inferno todo o seguia, às sombras e ocultado por sua estratégia de bom garoto.
Na mitologia grega existe uma tragédia semelhante, com a diferença de gênero. Medéia queria ser possuída pelo deus Apolo. Porém, este priorizou a sua pureza e, portanto, não quis entregar-se a Medéia. Então ela, num ataque de fúria, matou sua própria filha Gláucia. No fatídico local teria nascido uma fonte (a Fonte de Gláucia, em Corinto), onde também nascera uma árvore, a Táfne (louro). Apolo toma dela alguns ramos, faz um laurel e passa a usá-lo em homenagem a Gláucia.
Psicose
A psicoterapeuta Sumaia Cabrera (Duas vidas, uma escolha, editora Planeta), explica que temos um lado da mente saudável e outro doente, e em tais circunstâncias “O sujeito fica hipersensível emocionalmente; sai do amável para o agressivo em questão de segundos. (…) …pois, como está obsessivo, gasta horas e horas de seu dia planejando com excelência de detalhes a sua vida e a dos outros, para que tudo saia a contento”.
Seu planejamento é construído em riqueza de detalhes a partir do lado doente da mente.
Quando Jesus diz que a pessoa que taxar outra de louca passa a ser passiva de julgamento, Ele falava a respeito da loucura ocasionada pela possessão demoníaca. O sujeito “perde a cabeça” e todo o senso de equilíbrio, e sua obsessão passa a ser alvo a ser encontrado a qualquer custo. Nesse transtorno mental, o seu lado doente é potencializado por forças exteriores que o inflamam ainda mais.
Essas forças vão desde ícones, imagens, falas, testemunhos, à própria influência diabólica (no original hebraico o outro lado, o opositor – a Deus, o lado bom).
Ainda segundo Sumaia Cabrera “Nem sempre, ou quase nunca, as escolhas são feitas pelo lado saudável da nossa personalidade. Infelizmente, não somos treinados, ao longo da nossa vida, a desenvolver essa característica positiva. Enquanto isso, nosso lado doente vai funcionando automaticamente.
Nele, o ´gatilho da memória´ é disparado, abrindo sempre velhas janelas da memória, janelas essas com conteúdos negativos, que nada acrescentam de bom às nossas escolhas. Reagimos da mesma forma sempre, mantendo um padrão de comportamento neurótico ou até psicótico. Permanecemos, às vezes, por anos sem reeditar nosso inconsciente, sem renovar nossas idéias, sendo vítimas de nós mesmos!
Os jovens normalmente acreditam que são corajosos e não imensamente imprudentes!”
Caminhos que até parecem bons, mas…
A Bíblia alerta: “Há caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são os caminhos da morte” (Pv 16.25). É isso que os pais da menina não entendiam, ao permitirem que ela, ainda criança, namorasse. E pior, um homem praticamente já formado, com idéias definidas, enquanto àquela criança ainda ninava boneca em seus braços.
Segundo informações divulgadas os pais aprovavam o relacionamento, ao que parece, desde o início. Ela foi auxiliada para entrar, mas teve de sair sozinha. Nisto o caminho de ida e volta deveria ser justamente invertido.
E meados de outubro, “Lindenberg Alves manteve a ex-namorada Eloá refém durante 100 horas na casa da família dela em Santo André, no ABC, em São Paulo. Além da garota, uma amiga dela, Nayara Silva, de 15 anos, também ficou em poder do seqüestrador. No dia 17, os dias de cativeiro acabaram de forma trágica. Eloá foi atingida com um tiro na cabeça e teve morte cerebral e Nayara foi ferida com um tiro na boca”, sem gravidades.
Nós choramos também e oramos a Eloim para que outras Eloás sejam libertas desses Lindes da sombra da morte.
A anormalidade jamais será normal
As referências motivacionais para tais desfechos – já são três noticiados, após o caso de Eloá – estão estampadas nos jornais e logo após o noticiário, quando as novelas começam – na Globo, na Record (no rinque da disputa pelo primeiro lugar em violência e promiscuidade).
De tudo isso temos grandes lições. A primeira diz que a fôrma do mundo não serve em nós, como diz a Palavra: “Não vos conformeis com o mundo” (Rm 12.2).
Tudo deve ocorrer a seu devido tempo. A antecipação das coisas oferece riscos, pois a Bíblia afirma que há tempo para todas as coisas debaixo da terra (Ec 8.6).
Conhecer de fato a pessoa com quem um/a jovem quer relacionamento com vistas ao casamento requer “perícia”. Hoje mais do que antigamente, quando as pessoas se conheciam desde a infância, pois hoje o mundo está repleto de maldade.
Quem ama o mundo – o sistema que determina práticas humanas comuns – constitui-se inimigo de Deus (Tg 4.4), e quem entra nesse time, o da Oposição (do grego diábolos), entra para perder.
Seja um vencedor do mundo e da morte, conforme o Senhor (“Eu venci o mundo… Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?”, Jo 16.33 e 1Jo 5.4-5.
O segredo para não cair em armadilhas semelhantes é temer ao Senhor, pois o temor é o princípio da sabedoria (Pv 1.7).
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