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Archive for setembro \22\-03:00 2019

“Porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude”.
1Co 10.26.

É bom saber que a ideia comum, que paira no consciente coletivo sobre o significado de mordomia, não é o mesmo que expomos. Quando se fala em mordomia a definição mais comum é a de uma vida de folga, descanso, ócio, divertimento, festa e vantagens, à custa de outrem ou, mais comum na consciência popular, do erário público.

Mordomia é justamente o oposto dessa definição, mas tem que ver com mordomo, um administrador de bens de outro, de uma casa; serviçal, encarregado de determinada administração.

Mas quando falamos em Meio Ambiente parece soar estranhos entre cristãos evangélicos. Tratamos muito desse assunto, mas no que tange aos sinais provenientes de suas alterações. Estamos mais atentos e acostumados a ouvir temas essencialmente espirituais. Não vemos com facilidade a ligação desse assunto com o espiritual, ao contrário, sempre o separamos. Nosso interesse é ressaltado somente quando existe o elo imediato com os acontecimentos envolvendo a natureza no que diz respeito à brevidade da Volta do Senhor. Quando isso não ocorre, temos a tendência natural de rejeitar a discussão.

Até mesmo eu, devo confessar, inicialmente, resisti ao assunto. Depois de alguns tópicos e análise do que a Bíblia diz, mudei, e muito. Mas a resistência é compreensível, afinal o assunto é muito explorado pela Nova Era, materialistas e outros segmentos que veem na natureza o panteísmo. Por isso, na Índia muitos animais são preservados, mesmo quando destroem e causam danos ao homem, com pragas e doenças, como ratos e moscas, dentre tantos outros. O panteísmo eleva a natureza ao status de um deus e coloca o homem em segundo lugar.

Portanto é preciso muito cuidado e observar o seguinte: “Antes de distinguir o falso é preciso conhecer o verdadeiro”.

O homem foi criado à semelhança divina, que o fez distinto do restante da criação, dos seres animados, mas irracionais, e dos seres inanimados, que foram dados ao homem para deles cuidar, como fiel mordomo.

“Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem do homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis”, Rm 1.18-23.

Com pureza e simplicidade, sem tomarmos como base os conceitos humanos teremos uma nova visão de tudo. Temos de analisar a questão a partir da descrição da Criação no Livro Sagrado e pensar no que a Bíblia diz respeito ao tema.

A primeira referência que trata da responsabilidade do homem com a natureza está em Gênesis. Ao homem foi dada a missão de lavrar (fazer uso), e de guardar (proteger), a Terra. A determinação divina indica a ação humana como mordomo e não como explorador negligente. Mordomo porque a Terra e tudo o que nela há é do Senhor. Ninguém é (ou pode ser) dono eterno de nada, muito menos da Terra ou de qualquer porção dela.

Quando o Senhor voltar verá uma terra totalmente alterada, e nós teremos de dar conta do que fizemos por meio de orientação e ensino sobre o que Ele nos entregou. Não falamos aqui de cuidar diretamente da terra, da natureza, dos animais, sem bem que alguns têm essa condição, em função de circunstâncias próprias, mas da capacidade de influenciar por meio do conhecimento.

Dado a isso e muito mais pelo sentimento inserido em nós pelo Espírito divino, devemos atuar na Terra com denodo, empenho e com todas as nossas forças, de forma consciente e crescente, pois o Senhor nos capacita por meio de dotes naturais e de dons assimilados ou recebidos diretamente do Espírito Santo.

Devemos viver em harmonia com a natureza e não lutando contra ela. A grande motivação da revolta da natureza está justamente na natureza caída do homem, como vemos em Gênesis 6.1,5:
“E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra… E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente”.

Convivemos todos os dias com notícias sobre desastres ambientais, enquanto alguns cientistas tentam minimizar a situação. Outros afirmam que a questão refere-se à superpopulação mundial, o que acaba por ocasionar a ocupação indiscriminada e acima da capacidade de reciclagem da Terra. Na verdade, existe sim, seja qual for o motivo, um perigo no ar. E todos nós sabemos disso. A interferência humana, de forma indiscriminada e irresponsável na natureza criada por Deus, tem causado uma série de transtornos ao próprio homem.

Os sinais são vistos e divulgados todos os dias. Eles expõem a fúria da natureza, que se volta contra a agressão do homem em forma de
tufões, furacões, terremotos, cheias, enchentes, queimadas de matas e florestas, superaquecimento, chuvas ácidas, áreas cultiváveis que se transformam em desertos, rios e lagos que se secam; degelo nas calotas polares, mudanças climáticas, revolta nos mares (tsunamis), erosões gigantescas… e apontam para a Volta do Senhor à Igreja. Estes sinais foram profetizados pelo Senhor como parte de uma série de acontecimentos dos tempos do fim, paralelo ao aumento do pecado e da incredulidade humano – o distanciamento do Eterno.

Com isso, é perfeitamente aceitável afirmar que não podemos fazer parte do mesmo grupo que corrobora para que a Volta do Senhor se concretize (e ela ocorrerá independente da vontade humana) pela provocação de tais sinais, interferindo no equilíbrio da natureza estabelecido pelo Senhor desde a Criação.

A nossa ação para abreviar a Volta do Senhor prende-se à anunciação do Reino, pela pregação da Palavra. Pela conversão do homem a Cristo, os efeitos nocivos do pecado sobre o próprio homem e no ecossistema tendem a diminuir. É uma ação sobrenatural que deve ser vista com naturalidade, normal, sem nenhum antagonismo.

Quadro sombrio
Enquanto escrevíamos essa segunda parte do curso, deparamos com uma notícia na Folha de São Paulo, no dia 21 de março/2006, que não poderíamos deixar de comentar, pois está dentro do contexto: “Humanidade causa outra onda de extinção”. O título acima foi produzido a partir de um relatório apresentado em Curitiba que mostra o declínio de 40% das populações de 3 mil espécies nos últimos 25 anos, tempo bem menor ao equivalente a uma geração.

O jornalista Reinaldo José Lopes relata que o sumiço dessas criaturas ocorreu “graças à ação humana”, principalmente. “O dado, que está num relatório das Nações Unidas… deixa poucas dúvidas de que o planeta está à beira de uma grande onda de extinções, tão grave quanto a que acabou com os dinossauros”.

As indicações mostram “um quadro sombrio” conforme a Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica (CBD). Na área de desmatamento o mundo perde 6 milhões de floresta virgem a cada ano.

Uma das questões que afetam o equilíbrio é a interferência humana ao provocar o deslocamento de espécies de uma área para outra, chamada de “proliferação de espécies invasoras”. Essas espécies “por não terem inimigos naturais nas áreas aonde chegam”, transformam-se em pragas.
Um dos clássicos exemplos do insucesso que a interferência humana causa, ao invadir os ciclos estabelecidos por Deus, desde a Criação ocorreu na China.

Houve uma época em que houve infestação muito grande de pardais no país. Toda a sociedade se achou perturbada com a presença de tantos pássaros dessa espécie. Então o governo incentivou a matança indiscriminada desses pássaros. Os chineses, incentivados pelo governo, “limparam” o país.

Não demorou muito para que aparecesse uma praga de insetos que acabou com a lavoura. A China levou anos para se recuperar. Aquela grande quantidade de pássaros seria justamente o número necessário para acabar com àquela praga, alimentando-se dos insetos. Este é o ciclo natural estabelecido por Deus no Meio Ambiente, denominado ecossistema. Quando o homem elimina um desses ciclos, prejudica o equilíbrio do ecossistema – o “Conjunto dos relacionamentos mútuos entre determinado meio ambiente e a flora, a fauna e os microrganismos que nele habitam, e que incluem os fatores de equilíbrio geológico, atmosférico, metereológico e biológico” (Aurélio).

O que Deus estabeleceu
Quando Deus formou o homem determinou que Adão cuidasse de todo o sistema criado. A Bíblia diz o seguinte:
“Estas são as origens dos céus e da terra, quando foram criados; no dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus. Toda a planta do campo ainda não estava na terra, e toda erva do campo ainda não brotava; porque ainda o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra… E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego de vida; e o homem foi feito alma vivente. E plantou o Senhor Deus um jardim do Éden, da banda do Oriente, e pôs ali o homem que tinha formado. E o Senhor Deus fez brotar da terra toda boa árvore agradável à vista e boa para comida, e a árvore da vida no meio do jardim… E tomou o Senhor Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar” (os grifos são nossos), Gn 2.4-5, 7-9,15.

No comentário de rodapé da Bíblia de Estudo Pentecostal, referente o versículo 15 (“E o pôs no Jardim do Éden”), lemos o seguinte: O homem “era o primor da criação de Deus e foi-lhe dada a responsabilidade de trabalhar sob as diretrizes de Deus”.

Portanto o grau de interesse pela obra da natureza criada por Deus, vai muito mais além do que imaginamos. Se olharmos, por exemplo, para a questão do lixo, seremos remetidos para o outro lado da moeda – a limpeza, a higiene e o equilíbrio entre o que consumimos e como promovemos o retorno do lixo orgânico – como forma de reciclar – à Terra. E nesse caso, não nos desatrelamos da pureza (água pura, alimentos sem contaminação…). Nisso temos a conexão com o espiritual, que trata da santificação. Se a santificação é retratada na e por meio da carne (corpo), não há como viver a santidade sem observarmos o meio (ambiente) onde existimos.

Miséria, sujeira, pecado, lixo, destruição, desequilíbrio, dentro do contexto, são reflexos de impureza e, portanto, o cristão tem responsabilidade sim com a preservação da Terra. Obviamente não como alguns organismos e ONGs, que usam-na para benefícios próprios, com ideais religiosos, filosóficos ou políticos, mas tudo isso não nos isenta de nossa responsabilidade.

Quando fazemos comentários sobre as razões da revolta da natureza, remetemos para o pecado do homem. E essa é uma tese verdadeira. O interesse próprio, egoísmo, desejos desenfreados, entre outros desvios na condução da vida humana, têm grande parte na degradação da natureza. Ora, se o pecado tem influenciado na degradação, o combate a ele e de suas consequências também deve ser reconhecido.

Alimentos adequados
Segundo Nilton Bonder (O holismo rabínico) o judeu deve buscar alimento não somente kasher (adequados), mas também os para a vida (Le Chaim) “que tenham a ver com o indivíduo imerso em seu meio ambiente geográfico, social, psíquico e espiritual”.
Parece que essa orientação vai de encontro ao que o apóstolo Paulo fala aos Coríntios, contrapondo o excesso judaico:
“Comei de tudo quanto se vende no açougue, sem perguntar nada, por causa da consciência”, 1Co 10.25.

Mas este versículo não pode ser interpretado ao bel prazer de alguém, mas à luz da hermenêutica. Temos que analisar o texto e o seu contexto, a época, o motivo, a intenção desse ensino e seu objetivo, as circunstâncias… A passagem começa com o seguinte ensino:
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam. Ninguém busque o proveito próprio; antes, cada um, o que é de outrem. Comei de tudo quanto se vende no açougue, sem perguntar nada, por causa da consciência. Porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude. E, se algum dos infiéis vos convidar e quiserdes ir, comei de tudo e que se puder diante de vós, sem nada perguntar, por causa da consciência. Mas, se alguém vos disser: Isto foi sacrificado aos ídolos, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência; porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude… Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus. Como também eu em tudo agrado a todos, não buscando o meu próprio proveito, mas o de muitos, para que assim se possam salvar”, 1Co 10.23-28,32-33.

Veja que Paulo chama à responsabilidade quanto à separação dos alimentos adequados, sem o preconceito judaico, contudo não abre mão da rejeição, mostra que a nossa fé e crença está acima de regras humanas, mas impõe o que é mais elevado que a fiscalização externa – a consciência. Nós não temos as barreiras impostas pelo judaísmo, pois recebemos tudo com ação de graças e só rejeitamos quando de sã consciência somos “advertidos” de que determinado alimento é oferecido a ídolos, mas o que queremos discutir aqui é a questão do equilíbrio estabelecido por Deus, que vai além dessa questão. Foca o zelo daquilo que ingerimos no tabernáculo humano, que se estabelece como templo divino, no contexto da busca pelo saudável, o menos contaminado pela consequência do pecado possível, para não atuar na contramão divina, que estabelece uma existência pacífica com o nosso próprio corpo. O Senhor quer que vivamos justa e sabiamente.

O escritor judaico discute a visão rabínica dos alimentos produzidos e consumidos de forma irresponsável e que destroem não só a vida, mas atinge igualmente o meio ambiente. Sua observação vai de encontro ao que Deus estabeleceu ao homem, que deveria cuidar da terra tirando dela o seu sustento:
“E tomou o Senhor Deus o homem e o pôs no Jardim do Éden para o lavrar e o guardar. E ordenou o Senhor Deus ao homem dizendo: De toda a árvore do Jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque o dia em que dela comeres, certamente morrerás”, Gn 1.15-17.

Estes três versículos ainda falam hoje. O homem continua a transgredi-los. Deixamos o campo e nos aglomeramos, formando os grandes centros urbanos. Inchamos as cidades; criamos congestionamentos, disputa diária por espaço, e aí entra a capacidade conquistada pela desobediência que é o conhecimento do bem e do mal. O homem maquina dia e noite para descobrir como ultrapassar e ser maior que o outro.

Até mesmo entre os cristãos – ou os que se dizem ser – a prosperidade impõe a disputa dos que têm mais, na luta entre o ter e o ser.
Essa guerra é determinante para a proliferação da violência. Ela envolve desde o que comemos e o próprio estresse, que ocasionam doenças de cunho espiritual, que são essencialmente movidas por impulsos destruidores. Estas doenças figuram entre as demais que se manifestam no corpo (ferimentos) e emocionalmente (sistema nervoso).

A força dos pecados, que provocam os Desvios e ameaças dos últimos tempos, tenta destruir o homem em toda a sua compleição – físico, intelecto e emoção (psiquê) e espírito (pneuma), pois o Diabo – já alerta Jesus – “veio para roubar, matar e destruir”, inclusive a obra criada por Deus, incluindo a natureza, o ecossistema.

O “Outro Lado”
Tudo o que ele puder fazer para indicar insucesso, quebra de sequência natural, mudança da imagem estabelecida pelo Criador, ele fará. E para isso usará o homem. Satã no hebraico (demônio) tem a raiz no verbo impedir, bloquear. Na tradição judaica Satã é o “outro lado”, explica Bonder.

Dentro dessa guerra contra o que o Senhor criou, o homem planeja o fabrico de produtos que possam sustentar essa desenfreada busca, que não o deixa ver as consequências e a destruição que ocasiona. O ter o leva a quebra de paradigmas fundamentais para a sobrevivência humana. A ética torna-se relativa, a verdade deixa de ser absoluta e o escrúpulo mostra-se como tão-somente como palavra bonita de ser pronunciada em discursos.

Sem fronteiras o homem procura a sustentação de uma geringonça que ele mesmo criou, como o êxodo para as metrópolis, e para isso precisa criar outros elementos, que se constituem verdadeiros obstáculos para a sua própria existência.

Elementos químicos formam a base de doenças cumulativas, entretanto concebem o mal necessário para a preservação humana:

– glicerinas, que são os adoçantes;
– estereatos, ácido estereato e argol (bitartarato de potássio impuro que se obtém na fermentação de mosto de uva), os preservativos;
– diglicerídeos polissorbato, estereato de magnésio, os emulsificantes;
– pepsinas, as enzimas;
– acidulantes, condicionadores, aromatizantes, estabilizantes, antioxidantes, amaciantes e conservantes.

Tudo isso constitui arma apontada para a própria destruição humana, a partir da eliminação de formas de equilíbrio estabelecidas por Deus, desde a Criação, mas é hoje o chamado mal necessário – a bola de neve.
Destruímos a nossa própria proteção como a barreira de ozônio e interferimos no ecossistema, que deveria nos proteger, porém, nos empurra ao encontro dos aguilhões que nós mesmos construímos como o efeito estufa.

Dentro desse contexto clamamos ao Senhor por vida, não obstante andarmos por caminhos da morte; queremos saúde, mas ingerimos cada vez mais alimentos contidos de químicas, venenos, ácidos… É no mínimo contra senso, tendo em vista tudo isso partir de seres inteligentes, o que nos diferencia de todos os animais, pois somos racionais, embora, às vezes, não demonstrarmos.

Formas de degradação da Terra
Em seu livro The Environment and the Christian, Calvin DeWitt, enumera sete formas de degradação da Terra.

1) A Terra está sendo transformada, cada vez mais rápido, de florestas para o uso agrícola, e áreas de uso agrícola em urbanas. São grandes áreas que já perderam suas utilidade.

2) A cada dia, pelo menos três espécies estão sendo extintas. Estas não podem voltar a existir e tampouco sua atuação no equilíbrio do ecossistema.

3) Uso de herbicidas, inseticidas, pesticidas e fertilizantes está acelerando a degradação da terra.

4) Tratamento por meio de produtos químicos e seu consequente despejo em águas correntes, e a absorção deles por afluentes de água.
Um exemplo disso é a água que sai de postos de combustíveis, misturada aos próprios combustíveis, após a lavagem de veículos, além de vazamento de tanques de armazenamento de combustível furados. Esse líquido contaminado, sem nenhum tipo de tratamento, na maioria das cidades brasileiras, com raras exceções, é levado para as bacias hidrográficas.

5) A contaminação está se mostrando, cada vez mais, um problema global. É comum assistirmos cientistas anunciar a presença de contaminação de pinguins na Antártida.

6) A atmosfera parece estar mudando. O aumento de gases produzidos pelo homem, como dióxido de carbono, proveniente da combustão de combustíveis fósseis. A Camada de Ozônio está sendo atingida diretamente pelo excessivo uso de produtos químicos, inclusive os encontrados em geladeiras, ar-condicionado, extintores e aerossol.

7) Estamos perdendo a experiência de culturas que viveram em harmonia com a criação. A expansão de civilização sufoca tais experiências. Em nenhuma época da história os homens têm detido tamanho poder sobre a criação divina.

O homem foi testado e falhou – mais uma vez
Após criar a Terra e todo o seu ecossistema, o Senhor determinou ao homem que tivesse o domínio sobre todas as coisas, seres animais e vegetais, e, deste último, tirasse o seu sustento, conforme o texto que explica as origens. Em Gênesis 1.26,28-30 o Senhor estabelece o domínio humano sobre a natureza:
“…e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra… E Deus os abençoou e Deus lhes disse: frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra. E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dá semente e que está sobre a face de toda a terra e toda árvore em que há fruto de árvore que dá semente; ser-vos-ão para mantimento. E a todo o animal da terra, e a toda ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente. Toda a erva verde lhes será para mantimento. E assim foi”.

Em nota de rodapé a Bíblia de Estudo Pentecostal (BEP), CPAD, afirma que “O homem e a mulher receberam o encargo de serem frutíferos e de dominarem sobre a terra e o reino animal… Deus esperava deles que lhe dedicassem todas as coisas da terra e que as administrassem de modo a glorificá-lo e cumprir o propósito divino”. Diz ainda o versículo de referência do comentário sobre o domínio humano, em Hebreus 2.7-8:
“Tu o fizeste um pouco menos do que os anjos, de glória e de honra o coroaste e o constituíste sobre as obras de tuas mãos. Todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos pés…”.

“O futuro da terra passou a depender deles”, continua a comentário, e conclui: “Quando pecaram, trouxeram ruína, fracasso e sofrimento à criação de Deus”.

Isto está claro para todos nós, em especial a partir da modernidade, se agravando na pós-modernidade. O mal que o homem causa para si mesmo é ainda maior aos seres irracionais e vegetais, como diz Paulo:
“Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente… Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção de nosso corpo”, Rm 8.18-23.

Novamente o comentário da BEP diz: “A criação (a natureza animada e inanimada) tornou-se sujeita ao sofrimento e às catástrofes físicas, por causa do pecado humano. Deus, portanto, determinou que a própria natureza será redimida e recriada. Haverá novo céu e nova terra; uma restauração de todas as coisas, segundo a vontade de Deus…”.

Ora, imagine então o crente sem determinação de cuidar daquilo que o Senhor faz, cria… Não poderia habitar esse novo cenário que o Senhor recria, não é mesmo?

Hoje, mesmo quando não detemos a consciência sobre a necessidade, importância, atitude exemplar e significado com reflexos de cunho espiritual – pela honra ao Criador –, de preservar a natureza criada por Ele, paira sobre nós a responsabilidade de preservá-la para que nossos filhos e netos – enquanto o Senhor não volta – desfrutem dela da forma mais sadia possível. E ainda mantermos como exemplo de quem deve temor ao Senhor a esse respeito. Isso é mordomia.

Na ordenança ao povo de Israel para possuir a terra, o Senhor estabelece regras que visavam o descanso e reciclagem da terra (Lv 25). Os animais também deveriam ter o devido respeito dos moradores da terra, quisessem estes ter seus dias prolongados:
“Não atarás a boca do boi, quando trilhar”, Dt 25.4.

O Senhor preocupou-se com detalhes que inclui o ser indefeso e frágil, presa fácil da maldade, como o filhote e a mãe-pássaro. Esta deveria receber o devido cuidado e carinho para continuidade da criação:
“Quando encontrares algum ninho de ave no caminho, em alguma árvore ou no chão, com passarinhos, ou ovos, e a mãe posta sobre os passarinhos ou sobre os ovos, não tomarás a mãe com os filhos; deixarás ir livremente a mãe e os filhos tomarás para ti; para que bem te vá, e para que prolongues os dias”, Dt 22.6-7.

APLICAÇÃO
A Bíblia fala sobre o prestar contas da mordomia que Ele nos entregou, conforme Lucas 16.1-2. Pastor e doutor em Teologia, Antonio Gilberto ao pregar sobre este assunto, insere entre os itens, o prestar contas da mordomia do Meio Ambiente. Ele indica que Moisés proibiu o corte de árvore a esmo. Hoje, em função da transgressão humana, “a natureza cobra a conta”, observa.

Nós podemos influenciar o mundo com nossas atitudes, não só naquilo que refere-se diretamente ao espiritual, mas com nossa ética e postura diante dos homens. Por meio do exemplo de como tratamos a natureza criada pelo Senhor, podemos também dar testemunho de sua presença em nós.

Do livro FRONTEIRA FINAL, CPAD, Mesquita, Antonio

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