Pastor Alfredo Emílio Reikdal partiu para a Eternidade hoje (23/3/10), às 3h, na capital paulista, aos 94 anos de idade. Ele estava internado no Hospital Santa Catarina.
Reikdal destacou-se como obreiro da segunda geração de pioneiros das Assembleias de Deus no Brasil. Filho de europeus, Alfredo Reikdal sempre se mostrou decidido pela obra do Senhor. Embora fosse paranaense, iniciou suas atividades como ministro do Evangelho de Cristo em São Paulo, onde permaneceu, a partir de orientação de seu sogro, pastor Bruno Skolimowisk.
Durante 67 anos, pastor Reikdal liderou o Ministério do Ipiranga, bairro da Grande São Paulo, do qual era líder vitalício. Fundou ainda a Convenção de Ministros Ortodoxos das Assembléias de Deus no Estado de São Paulo e Outros (Comoespo), em 1996. Até então fazia parte da Comadespe, também de São Paulo. Como líder e ensinador, pastor Reikdal sempre criticou a situação atual das Assembleias de Deus em função dos modismos assumidos e novas tendências teológicas.
Início e inserção na obra pró-Reino
Nascido no Paraná, em São José dos Pinhais, converteu-se ao Senhor em abril de 1929, ainda adolescente. Passou a anunciar o Evangelho na cidade de Curitiba, mas no início da década de 40, mudou-se para São Paulo. Em 1943, assumiu a liderança da igreja em São Paulo, então à Rua Bento Vieira, 53, no Ipiranga, bairro que marca a história da Independência brasileira – do Grito do Ipiranga. Com 170 membros e três congregações – Jabaquara, Itatiba e Amador Bueno – o Ministério Ipiranga, cresceu e chegou a cerca de 800 congregações e 160 mil membros.
Pioneiro fiel
Foi contemporâneo dos pastores Cícero Canuto de Lima, Paulo Leivas Macalão, José Pimentel, João Alves Corrêa, João de Oliveira, dentre outros.
As centenas igrejas ligadas ao Ipiranga se encontram em todo o Estado de São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e outros. O templo-central do ministério, no bairro do Ipiranga, na Grande São Paulo, é de estilo gótico e um verdadeiro cartão postal.
Das pregações que ouvi de pastor Reikdal sempre pude notar e exposição de uma teologia conservadora, seriedade naquilo que propôs realizar, com demonstração de caráter inabalável. O saudoso pastor José Dutra de Moraes, seu contemporâneo e com quem trabalhou em Jabaquara, meu primeiro líder e discipulador, sempre usava ilustrações referente à vida e obra do colega.
Pastor Alcides Favaro já atuava há anos, como presidente em exercício. Da escola de seu líder ele e seus demais pares, em respeito ao velho pastor, jamais quiseram assumir o ministério definitivamente.
O corpo está sendo velado no templo, à Avenida Ricardo Jafet, 214, no Ipiranga. O sepultamento ocorrerá amanhã (24), às 16h, no Cemitério da Paz, no Morumbi.
Onde se larga a cruz?
Inserimos abaixo um dos artigos de pastor Alfredo, publicado no Mensageiro da Paz da 1ª. quinzena de 1939 (Não alteramos os estilos gráfico e literário).
É muito triste ver, em nossos dias, crentes trocarem, antes do tempo, sua cruz pelas coisas deste mundo, ao em vez de a levarem até ao lugar em que a podem trocar pela coroa da vida, prometida pelo infalível Senhor de todas as coisas e Pastor das nossas almas.
Muitos há que, ao ouvirem o Evangelho, tomam o seu “lenho”, dão alguns passos, mas, para larga-lo, logo após, ao encontrar as primeiras dificuldades. Para alguns, é bastante serem desprezados pelos amigos, pelo mundo ou ameaçados por uma pequena perseguição, para largarem a cruz que tomaram para levar até o fim.
Outros deixam a cruz, em troca dos gozos temporais e das coisas ilícitas; mas têm a mesma sorte da mulher de Ló; pouco a pouco, voltam ao Egito. Felizes são aqueles que tomam a cruz e fazem como diz a Escritura: livram-se de todo o embaraço, desviam-se das astutas ciladas do Diabo.
Às vezes, somos colocados como Moisés, entre dois caminhos: de um lado, a glória do Egito (o mundo), com todas as honras e todo o esplendor da corte faraônica. De outra parte, o sofrimento, o vitupério de Cristo. Sejamos sábios, saibamos escolher sem olhar a aparência, mas perscrutamos a realidade do futuro; carreguemos a cruz, até trocá-la por uma coroa.
Deixemos “faraó” com toda a Sua glória e fiquemos com Jesus, o qual nos espera e nos quer abraçar, com amor. O segredo da vitória daqueles que andam sob o peso do madeiro, não está em abandona-lo em meio a viagem e sim em leva-lo até ao fim da jornada. Jesus levou a cruz até o Gólgota, termo visível da estrada que nós podemos contemplar.
Mas há um caminho invisível, que conduz ao céu; é por essa estrada que devemos caminhar. Mesmo que o nosso corpo sofra sob o peso da cruz, não impede que o nosso espírito, pela fé, voe com Jesus, até ao céu. O nosso Salvador terminou Seu jornadear, com a cruz, no Calvário; mas, segundo Deus, o fim foi o céu, na glória, a Sua Direita.
Imitemos Jesus, levando a nossa cruz até ao céu; prossigamos nesta estrada até chegarmos as moradas que Jesus nos foi preparar, ainda que os nossos companheiros atirem, para longe, a sua cruz.
O céu é o lugar onde se troca a cruz, pela coroa.
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