Pastor Joanyr de Oliveira partiu para a Glória neste sábado e será sepultado hoje (domingo), quando faria aniversário, às 17h, em Brasília. Sempre foi homem aplicado, literato, politizado e verdadeiro intelectual. Como tal, amava a poesia. Durante seu contrato de trabalho no Rio, quando editou o livro História Ilustrada das Assembléias de Deus no Brasil (CPAD), em 1997, tive a oportunidade de conviver determinado tempo com ele. Também o ajudei na correção do texto do livro e cheguei a visitar com ele a Biblioteca Nacional, onde buscava informações para a referida obra.
Natural de Aimorés (MG), nasceu aos 6 de dezembro de 1933. Casou-se em 1959, no Rio de Janeiro, durante sua permanência na CPAD, com a colega de Redação, Nelcy Ferreira Guimarães.
Em 1960, foi para Brasília, onde prestou concurso e tornou-se Revisor da Imprensa Nacional. Foi escritor, poeta, pesquisador, advogado, jornalista, intelectual, literato, conferencista e exímio orador.
Durante sua experiência profissional na área de comunicação, passou por Vitória, São Paulo, Goiânia, Rio de Janeiro e em Brasília, onde foi redator da Rádio Educadora, revisor do Departamento de Imprensa Nacional e funcionário da Câmara de Deputados e membro de inúmeras entidades culturais, como a Academia Evangélica de Letras do Brasil, União Brasileira de Escritores de Goiás, da Associação Goiana de Imprensa, da Academia de Letras do Brasil, do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, Associação Nacional de Escritores, Academia Taguatinguense de Letras, Academia de Letras de Brasília, Writers International Association, Academia Interamericana de Literatura e Jurisprudência. Tem seu nome inserido em várias obras literárias seculares.
Autor de inúmeros livros de contos, sempre foi ativo na participação de antologias (poesia e ficção) no Brasil e no exterior, como nos EUA, Canadá, Portugal, Espanha, França, Itália, Índia e Argentina.
Depois de aposentar-se como Técnico Legislativo da Câmara dos Deputados mudou-se em 1988, para os EUA, onde atuou como pastor em Boston, Hartford, Santa Ana e Anahaim. Retornou ao Brasil em 1994.
Na editora assembleiana
Na CPAD ele construiu história e patenteou seu nome. Começou ainda garoto e chegou a diretor de Publicações e fundou as revistas A Seara, Jovem Cristão (extintas) e O Obreiro (atual Manual do Obreiro). Ministro respeitado por seus conhecimentos, sempre se manifestava nas reuniões convencionais da CGADB. Na última delas, divulgou uma verdadeira obra literária, que lhe rendeu o reconhecimento de todos, sob o título Minha Assembléia de Deus. No texto criticou as mudanças sofridas pelas ADs no Brasil, no decorrer dos anos, exaltando a postura da igreja, como referência e escola no meio cristão pentecostal.
Livros de poesia
Antologia dos poetas de Brasília; Brasília ou os mitos perfeitos; Minha Lira, Rio, 1957; Cantares, Rio, 1977; O Grito Submerso, Brasília, 1980; Casulos do Silêncio, Rio, 1982; Soberanas Mitologias e A Cidade do Medo, Anaheim, CA, EUA, 1991; Luta A(r)mada, id., id., 1992; Flagrantes Líricos, Buffton, OH, EUA, 1993; Pluricanto, trinta anos de poesia, Brasília, 1996; Canção ao Filho do Homem, Rio, 1998; Vozes de bichos (infanto-juvenil), CPAD, Rio, 2000; Tempo de ceifar, Brasília, 2002; A hora de Deus, Jaboatão, 2002; 50 poemas escolhidos pelo autor, Rio, 2003; Por que chora a chuva? (Infanto-juvenil), Rio, 2005; Biografia da cidade, Brasília, 2005; Raízes do ser – poemas para Aimorés (no prelo); Antologia pessoal – 7 (no prelo).
Um pouco de Joanyr
Fui pastor de destinos
soltos nas ventanias.
Fui pastor de sonhos,
de abismos e insônias.
Hoje pastoreio as horas,
colho o mel das palavras.
Pastoreio metáforas
na inocência do branco.
Pastoreio murmúrios
diluídos nos ermos
Pastoreio estribilhos
na memória e nas veias
Ovelhas não navegam
as águas de meus olhos.
Ovelhas não ruminam
o itinerário de meu verbo.
Ovelhas não buliram
a sofreguidão de meu rosto.
Hoje sem dardos e cajado
pastoreio a mim mesmo…
O que falavam sobre ele
Que sua poesia continue “singrando o ar e a vida” (Jorge Amado).
Muito louvável a iniciativa de J. O. de recolher esse material (sobre Brasília) e organizá-lo devidamente. (BP). // A poesia de J.O. é merecedora da estima dos bons leitores (CS) – Carlos Drummond de Andrade.
Riquíssima temática, senhorio da língua em geral e da poética em particular. (Sou) seu admirador, (agora que tenho a) alegria de conhecê-lo e aos seus versos. Suas elegias são pungentes, seus poemas a Brasília são intrinsecamente belos paradoxos, pois ressaltam o criticável socialmente para, apesar disso, louvar a sensível beleza da obra feita e in fieri (CS e Pl) – Antônio Houaiss.
Fontes: http://www.usinadeletras.com.br